#ManifestoVinteVinte \\ o dentro e o fora

Fotografia na Tela

Enquanto a vida nos leva para caminhos que nunca imaginamos, nós tentamos segurar o tempo e mudar a direção. Bobagem! Não conseguimos.

O 5º projeto da Cia da Hebe com a 5ª turma dos Encontros de Criação Fotográfica, é um ato de liberdade que a vida e o tempo nos indicaram como se falassem: vá por aqui. Esqueça o que pensou. Faça o que está a sua frente.

Seguimos livremente o caminho do tempo presente e o ManifestoVinteVinte pensado em formato de projeções de fotos em todos os bairros por onde passamos para fotografar; projeções nas praças onde as pessoas se encontram; nos bares onde conhecemos alguns trabalhadores; nas ruas conhecidas para que todos pudessem assistir; nos jardins onde as crianças brincam; se transformou em projeções na tela do computador. Os lugares, praças, jardins, ruas, fachadas, se transformaram em site, a hashtag foi inserida e o projeto totalmente realizado on-line, formatado em episódios como uma novela ou como uma série, levando o nome de #ManifestoVinteVinte Online

O olho---no---olho

Iniciamos esse projeto em novembro de 2019 com duas perspectivas. Uma delas era dar aos participantes elementos, treinamentos, ferramentas para enfrentar o estar de frente com o “outro” para fotografar.

O eterno contato entre o fotógrafo e o fotografado, que eles ainda não tinham, e com certeza ainda não tem, mas que vão conseguir. E esse estar em contato, não é o fazer de conta. É realmente conseguir estabelecer um vínculo nos pequenos segundos em que as fotos são realizadas. Difícil. Muito difícil, mas possível. Alguns conseguiram, outros tentaram, alguns precisaram de companhia, outros se desesperaram, mas todos arriscaram.

A segunda perspectiva consistia em, mais uma vez, abraçar a cidade por meio da fotografia. Percorrer os bairros, as ruas, as casas, a feira, a igreja, a escola onde os participantes moravam, as ruas que brincavam, a casa da avó, a rua que encontravam com o amigo ou que lembravam da namorada. Enfim, a oportunidade de entrar em contato com a cidade afetivamente. Não o lugar bonito da cidade, mas o lugar que tinham e tem afeto. 

Claro que o afeto e a memória transformam tudo em beleza! Barracos ficam bonitos, ruas sujas tem poesia, paredes caiadas são símbolos de um tempo, quintais com galinhas são documentos, janelas, varais, postes, luzes miúdas, são referências de uma certa cidade.

Isso sem falar na beleza poética do menino que passa de bicicleta, do homem que senta na calçada, da moça na janela, do boteco depois do trabalho, enfim, o olhar com ternura e singeleza para aquela cidade que faz tempo que ninguém mais olha. Essa foi a cidade fotografada, a que existe, que está na frente de todos, mas ninguém quer ver. 

Cada participante, à sua maneira, refletiu, observou, lembrou e foi atrás da cidade que está dentro dele. Sua foto foi realizada no ímpeto do olhar. No olhar espontâneo. Foi isso que cada um fotografou, a sua própria história na cidade. Ou a cidade dentro dele. E se para ele tem importância, isso será de importância para o mundo. 

O Terceiro Sinal

A abertura do projeto seria em junho de 2020, ao ar livre, em projeções abertas em vários locais públicos para estabelecer mais e mais contato com a cidade. Porém o terceiro sinal soou, veio o inesperado: a pandemia. Não poderíamos deixar de inserir esse momento ao projeto. Até aí estávamos focados no aspecto físico, simbólico, representativo e humano do que é a cidade, o que passamos a chamar de: o fora.  Mais uma vez o tempo e a vida nos direcionaram para o improvável, e nós aceitamos, e disso realizamos mais um experimento. 

Os orientadores ofereceram 7 provocações aos participantes por meio de vídeo e áudio. Conversas e encontros on-line gravados para se tornarem elementos de criação. Além disso cada participante realizou 2 fotos motivadas por cada uma das 7 provocações, trazendo nessas imagens a pessoalidade de sentidos e formas, e a reflexão íntima desse momento interno. Então, essa etapa passamos a chamar de: o dentro. O dentro significando o subjetivo e significando o dentro de casa.

A princípio o que seria impedimento se tornou libertação e os três artistas orientadores, Tika, João e Mônica, mais uma vez escolheram o caminho do risco, do imprevisível.

Assim a Cia da Hebe entrou na tela, ampliou os contatos, as colaborações, passou a interagir com outras pessoas, entrou na era das LiveManifesto, que se tornaram espaço de experiência da cidadania, de reflexão do tema pertencimento com convidados de vivências diversificadas.

A partir do dia 14 de novembro o #ManifestoVinteVinte Online será apresentado nas redes sociais. Serão 7 episódios, com temas diversificados, 1.500 fotos no total. São imagens em fotografia que se misturam ao vídeo, música, relatos, poesia, cantos, falas, narrações que se transformam em linguagem híbrida, um formato diferenciado, pensado para ser visto na internet. 

São fotos sem retoques, subjetivas. São fotos da cidade do afeto de cada um. São fotos do interno alegre ou sofrido de cada um. Imagens livres, intensas, vívidas desse momento oferecido pelo tempo.

O espaço da tela tecnológica se transforma em palco e a fotografia se torna internética, sem preconceitos.  Livremente saudamos a possibilidade de continuar a expressarmos.  Salve! 

Sobre a Cia da Hebe

A Cia da Hebe iniciou suas atividades em 12 de setembro de 2015 com os Encontros de Criação Fotográfica (curso de fotografia) e com as Projeções de Fotos nas casas, muros e edifícios da cidade. Desde essa data produziu 4 Eventos Fotográficos: Primeira Mostra, 175 Ocupação Fotográfica, Deslimites e Transações. Foram mais de 30 eventos e encontros, entre projeções urbanas, conversas temáticas, projeções de filmes, apresentações de dança, teatro e performances.

Sempre com o objetivo de sensibilizar o cidadão para a arte, interferindo e ocupando espaços inusitados da cidade, requisitando a abertura do olhar de quem quer ver arte e de quem quer fazer arte, colaborando por meio de sua prática e metodologia com o pensamento e olhar artístico para a cidade de Espírito Santo do Pinhal.

Em cada um desses cinco anos de realizações, a Cia da Hebe ampliou a maneira de produzir, gerir e criar. Mais de 8.000 visitantes somam o público das 4 Ocupações Fotográficas produzidas entre 2016 e 2019. Todos os eventos, oficinas, conversas, exposições, apresentações e atividades são gratuitas e públicas. A visitação monitorada das escolas e grupos abriu o caminho das ações educativas e de formação de público. A frequência do público e as visitas ampliou o objetivo da Cia da Hebe, e o retorno obtido em apenas quatro anos é o de realizar para a sociedade e com a sociedade

\\ De 2015 para 2019, o público dos eventos e o público do curso de fotografia atingiu a diversidade. Fortalecendo a relação com a cidade e se tornando um ponto de referência cultural para o cidadão e para o visitante de fora.

\\ Em 2018 foi selecionada para participar do Festival Paraty em Foco e Exposição “SóLove” Casa da Imagem / SP – com a criação (re)flexões do Gênero de João Barim e Tamara Barim.

\\ Em 2019 foi selecionada para participar do Festival Paraty em Foco com os autorretratos de Aline Inácio, Dani Cavalheri, Fernanda Poli, Letícia Lunga, Maria José Benassi, Rita Maia, Roberta Sucupira e Tika Tiritillli. Neste mesmo ano, fomos destaque da Publicação Fotografe Melhor sobre Autorretratos.

Ficha técnica

O #ManiestoVinteVinte apresenta imagens e criações de:

Aline Inácio
Ariana Estela
Dani Cavalhieri
Fernanda Salveti
Giovana Oriques
João Barim
Leandro Pereira
Leticia Lunga
Luiz Pazini
Mônica Sucupira
Rita Maia
Roberta Sucupira
Sheyla Montoni
Tamara M. Barim
Thatiana Fonseca
Tika Tiritilli

Artistas orientadores
Tika Tiritilli
João Barim
Mônica Sucupira

Textos e Locução
Mônica Sucupira

Roteiros de imagens
Mônica Sucupira
Tika Tiritilli

Direção Artística
Mônica Sucupira

Edição e projeto gráfico
João Barim

Site e Loja virtual
Leandro Pereira

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